Os eosinófilos e a proteína C-reactiva são marcadores de diagnóstico e gravidade na apendicite aguda
Resumo
Introdução: Os parâmetros inflamatórios têm sido utilizados no diagnóstico, prognóstico e monitorização de diversas patologias. O objectivo deste trabalho é avaliar as alterações do leucograma, plaquetas e da proteína C reactiva (PCR) e a sua correlação com o diagnóstico e gravidade da apendicite aguda (AA). Métodos: Estudo retrospectivo de doentes submetidos a apendicectomia no ano de 2011. Registaram-se a idade, o sexo, o tempo de internamento, os resultados laboratoriais obtidos antes da apendicectomia (leucograma, plaquetas e PCR) e a análise histológica da peça operatória. Resultados: Foram incluídos 214 doentes submetidos a apendicectomia, 93 mulheres e 121 homens, idade (mediana (Q1-Q3)) 30,0 anos (21,0 – 41,5). Em 10,3%, o apêndice não apresentava alterações, 68,7% tinham apendicite fleimonosa e 21,0% tinham apendicite gangrenada. Entre estes grupos, a contagem de linfócitos e eosinófilos, os rácios plaquetas/linfócitos, plaquetas/eosinófilos, neutrófilos/eosinófilos, neutrófilos/linfócitos e a PCR apresentaram diferenças estatisticamente significativas apenas na apendicite gangrenada após a aplicação da correcção de Bonferroni. Na AA (independentemente da classificação histológica), a contagem de eosinófilos estava significativamente diminuída 4,0x109/L (1,0 – 10,8) versus 7,5 x109/L (4,0 – 17,8) e a PCR aumentada 3,4mg/dL (0,9 – 9,7) versus 2,1mg/dL (0,4 – 4,4), em comparação com o grupo do apêndice sem alterações histológicas. Conclusão: A contagem de eosinófilos e a PCR apresentaram-se como possíveis marcadores diagnósticos e de gravidade da AA. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar estes resultados.
Downloads
Referências
2. Stewart D. The Management of Acute Appendicitis. Current Surgical Therapy. 11th Edition. 2014. p. 252-255.
3. Ansaloni L, Catena F, Coccolini F, et al. Surgery versus conservative antibiotic treatment in acute appendicitis: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Dig Surg. 2011;28:210-21.
4. Manfredi R and Ranniger C. Appendicitis. Emergency Medicine. 2013. chapter 39, 325-330.
5. Zahorec R. Ratio of neutrophil to lymphocyte counts. Rapid and simple parameter of systemic inflammation and stress in critically ill. Bratisl Lek Listy 2001;102 (1): 5.14.
6. Buss DH, Cashell AW, O’Connor ML, et al. Occurrence, etiology, and clinical significance of extreme thrombocytosis: a study of 280 cases. Am J Med. 199 4;96:247-253.
7. Stacey R. R, Petersen N. J, Gardner T. J, Hamil R. J and Trautner B. W. Etiology of thrombocytosis in a general medicine population: Analysis of 801 Cases With Emphasis on infectious causes. J Clin Med Res. Dec 2012; 4(6): 415–423.
8. Zappert J. Ueber das vorkommen der eosinophilen zellen in menschlichen blute. Z Klin Med 1983;23:227–308.
9. Bass DA, Gonwa TA, Szejda P, Cousart MS, DeChatelet LR and McCall CE. Eosinopenia of acute infection: Production of eosinopenia by chemotactic factors of acute inflammation. J Clin Invest 1980;65:1265–1271.
10. Wyllie DH, Bowler IC and Peto TE. Relation between lymphopenia and bacteraemia in UK adults with medical emergencies, J Clin Pathol 2004;57:950–955.
11. De Jager CP, Van Wijk PT, Mathoera RB, de Jongh-Leuvenink J, van der Poll T and Wever PC. Lymphocytopenia and neutrophil-lymphocyte count ratio predict bacteremia better than conventional infection markers in an emergency care unit. Critical Care. 2010;14:192.
12. Abidi K, Khoudri I, Belayachi J,Madani N, Zekraoui A, Zeggwagh AA and Abouqal R. Eosinopenia is a reliable marker of sepsis on admission to medical intensive care units. Crit Care. 2008;12:R59.
13. Holub M, Beran O, Kaspříková N and Chalupa P. Neutrophil to lymphocyte count ratio as a biomarker of bacterial infections. Cent. Eur. J. Med. 2012;258-261.
14. Abidi K, Belayachi J, Derras Y, Khayari M, Dendane T, Madani N, et al. Eosinopenia, an early marker of increased mortality in critically ill medical patients. Intensive Care Med. 2011;37:1136–1142.
15. Holland M, Alkhalil M, Chandromouli S, Janjua A, Babores M. Eosinopenia as a marker of mortality and length of stay in patients admitted with exacerbations of obstructive pulmonary disease. Respirology. 2010;15:165–167.
16. Marcelino G, Carvalho N, Oliveira G, Marialva C, Campanha R, Albergaria D, et al. Neutrophil-to-eosinophil ratio is predictor of surgery in acute diverticulitis. Revista Portuguesa de Cirurgia. 2015; (33):11-19
17. Norman J. The Pathology of Acute Appendicitis. Anna/s of Diagnostic Pathology, Vol4, No 1 (February), 2000: p. 46-56.
18. Brennhovd IO, Lied RO. Eosinopenia and acute appendicitis. Nord Med. 1954 Jun 10;51(24):811-3.
19. Di Saverio S, Sibilio A, Giorgini E, Biscardi A, Villani S, Coccolini F, et al. The NOTA Study (Non Operative Treatment for Acute Appendicitis): Prospective Study on the Efficacy and Safety of Antibiotics (Amoxicillin and Clavulanic Acid) for Treating Patients With Right Lower Quadrant Abdominal Pain and Long-Term Follow-up of Conservatively Treated Suspected Appendicitis. Ann Surg. 2014 Mar 18.
20. Mathias J, Bruot O, Ganne PA, Laurent V, Regent D. Appendicite. Encycl Méd Chir Radiodiagnostic – Appareil digestif. 2008;33-472-G-10.
21. Longo D, Fauci A, Kasper D, Hauser S, Jameson J, Loscalzo J. Harrison’s Principles of Internal Medicine: Volumes 1 and 2, 18th Edition. McGraw-Hill Professional. July 21, 2011
22. Mathias J, Bruot O, Ganne PA, Laurent V, Regent D. Appendicite. Encycl Méd Chir Radiodiagnostic – Appareil digestif. 2008;33-472-G-1.
Para permitir ao editor a disseminação do trabalho do(s) autor(es) na sua máxima extensão, o(s) autor(es) deverá(ão) assinar uma Declaração de Cedência dos Direitos de Propriedade (Copyright). O acordo de transferência, (Transfer Agreement), transfere a propriedade do artigo do(s) autor(es) para a Sociedade Portuguesa de Cirurgia.
Se o artigo contiver extractos (incluindo ilustrações) de, ou for baseado no todo ou em parte em outros trabalhos com copyright (incluindo, para evitar dúvidas, material de fontes online ou de intranet), o(s) autor(es) tem(êm) de obter, dos proprietários dos respectivos copyrights, autorização escrita para reprodução desses extractos do(s) artigo(s) em todos os territórios e edições e em todos os meios de expressão e línguas. Todas os formulários de autorização devem ser fornecidos aos editores quando da entrega do artigo.