ILEOSTOMIA DE PROTEÇÃO NA CIRURGIA ONCOLÓGICA DO RETO: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO DE REFERÊNCIA
Resumo
Introdução: Na cirurgia do reto, a ileostomia de proteção é frequentemente realizada para minimizar o impacto da deiscência anastomótica. Apesar da intenção temporária, uma significativa proporção de estomas tornam-se permanentes. O objetivo deste trabalho é determinar quais os fatores associados a uma menor probabilidade de encerramento da ileostomia de proteção após cirurgia de resseção de reto.
Métodos: Foi realizado um estudo observacional, retrospetivo e unicêntrico, tendo sido revistos os dados clínicos dos doentes com o diagnóstico primário de cancro do reto e que foram submetidos a cirurgia eletiva de resseção com ileostomia de proteção entre 2008 e 2019. Foram avaliados os fatores de risco para não encerramento do estoma temporário nestes doentes.
Resultados: Foram incluídos 201 doentes, dos quais 168 (83,58%) foram reconstruídos, com um tempo médio de espera até à reconstrução de 7,92 meses. Não foram reconstruídos 33 doentes, sendo que 10 (4,97%) faleceram antes dos 12 meses de pós-operatório, 1 doente (0,5%) recusou a reconstrução de trânsito e 3 doentes (1,49%) aguardam estudo endoscópico para agendamento da reconstrução. Ao excluir estes doentes, apenas dezanove doentes (9,45%) ficaram com estomas permanentes (ileostomias n=16, reversão em colostomia terminal definitiva n=3).
Conclusão: Os fatores de risco independentes para o não encerramento da ileostomia de proteção foram: tumores do reto localizados mais perto da margem anal (<=7 cm), presença de metástases síncronas e a presença de recidiva local. Outros fatores que contribuíram para o não encerramento da ileostomia foram a realização de quimioterapia adjuvante e a presença de complicações na anastomose colo-retal. Doentes com estes fatores de risco devem ser advertidos para a possibilidade do não encerramento da ileostomia.
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