Síndrome de Lynch... Estratégia de estudo numa consulta de cirurgia geral
Abstract
Introdução: A Síndrome de Lynch (SL) é uma doença hereditária, de transmissão autossómica dominante (AD) de alta penetrância, representando 5-10% dos Carcinomas Colo-Rectais (CCR) que surgem preferencialmente em jovens, em vários elementos da mesma família, no cólon direito e associados a outras neoplasias (endométrio, ovário, estômago, urotélio, vias biliares, pâncreas, cérebro, pele). Esta síndrome tem origem em mutações germinativas nos genes de reparação do DNA (MMR – Mismatch Repair genes) que originam, em mais de 90% dos casos, o aparecimento de instabilidade de microssatélites (IMS) no tumor. Assim sendo, a IMS constitui um bom marcador para o estudo molecular desta síndrome.
O objectivo deste trabalho é apresentar uma estratégia para o estudo genético e seguimento de famílias com SL provável ou confirmado, numa consulta de Cirurgia Geral.
Material e métodos: Perante a suspeita clínica de SL, num doente pertencente a uma família com Critérios de Amesterdão (CA) completos, foi realizada a análise mutacional dos genes MMR, após consentimento informado, no sangue periférico. Iniciou-se o estudo pela pesquisa de mutações pontuais nos genes MLH1 e MSH2, seguida, nos casos negativos, da pesquisa de grandes delecções ou duplicações dos genes MLH1 e MSH2. Nas famílias negativas para os genes referidos, mas em que se verificou o predomínio de carcinoma do endométrio, foi realizada a pesquisa de mutações no gene MSH6. No doente com CCR, com Critérios de Bethesda (CB) revistos, foi pesquisada a presença de IMS no tumor. Nos casos positivos para IMS procedeu-se, após consentimento informado, ao estudo genético das referidas mutações.
Resultados: Este trabalho envolveu o estudo clínico e molecular de 85 casos probando proveniente de famílias com suspeita de SL: 36 famílias (42,4%) com CA e 49 (57,6%) com CB. Foram identificadas, no primeiro grupo, 9 mutações no gene MLH1 (45,0%), 9 no gene MSH2 (45,0%) e 2 no gene MSH6 (10,0%). No segundo grupo, foram detectadas 4 mutações no gene MLH1 (50,0%) e 4 no gene MSH2 (50,0%). Dezoito mutações eram de significado desconhecido.
Comentários finais: Através do estudo molecular, confirmou-se a suspeita clínica de SL em 61,3% dos casos com CA e em 24,1% dos doentes com CB com o estudo molecular completo. Esta abordagem permitiu a identificação, em cada família, dos portadores e não portadores da doença. A estratégia apresentada reforça o potencial da identificação dos elementos em risco e a exclusão dos programas de vigilância dos não portadores da mutação.
Downloads
Downloads
Published
Issue
Section
License
Para permitir ao editor a disseminação do trabalho do(s) autor(es) na sua máxima extensão, o(s) autor(es) deverá(ão) assinar uma Declaração de Cedência dos Direitos de Propriedade (Copyright). O acordo de transferência, (Transfer Agreement), transfere a propriedade do artigo do(s) autor(es) para a Sociedade Portuguesa de Cirurgia.
Se o artigo contiver extractos (incluindo ilustrações) de, ou for baseado no todo ou em parte em outros trabalhos com copyright (incluindo, para evitar dúvidas, material de fontes online ou de intranet), o(s) autor(es) tem(êm) de obter, dos proprietários dos respectivos copyrights, autorização escrita para reprodução desses extractos do(s) artigo(s) em todos os territórios e edições e em todos os meios de expressão e línguas. Todas os formulários de autorização devem ser fornecidos aos editores quando da entrega do artigo.