ABORDAGEM CLÍNICA NA SÍNDROME DE MIRIZZI: ANÁLISE RETROSPETIVA
Resumo
Introdução: A Síndrome de Mirizzi resulta da compressão extrínseca do canal hepático comum (CHC) e/ou colédoco pela impactação de cálculos no canal cístico ou no infundíbulo da vesícula biliar. Segundo a classificação de Csendes, dividide-se em 5 tipos que implicam diferentes técnicas cirúrgicas.
Materiais e Métodos: Após uma breve revisão bibliográfica, descrevem-se retrospetivamente quinze doentes diagnosticados com Síndrome de Mirizzi, entre 2008 e 2018, na Unidade Local de Saúde da Guarda (ULSG). A análise dos respectivos processos clínicos permitiu recolher dados relativamente ao género, quadro clínico, resultados de exames complementares de diagnóstico, momento do diagnóstico, tipo de síndrome de Mirizzi (segundo Csendes) e tratamento cirúrgico.
Resultados: Dos 15 doentes, 11 (73,3%) eram mulheres e 4 (26,7%) homens. Todos os doentes (100%) apresentaram dor abdominal, 14 (93,3%) náuseas e vómitos, 10 (66,7%) sintomas de colangite/colecistite aguda, 5 (33%) icterícia recorrente, 4 (26,6%) colúria e emagrecimento e 2 (13,3%) prurido. O diagnóstico foi estabelecido, em todos os casos, intra-operatoriamente com necessidade de conversão para laparotomia, sendo: 5 (33,3%) do tipo III, 4 (26,6%) do tipo I, 3 (20%) do tipo II, 2 (13,3%) do tipo IV e 1 (6,7%) do tipo V. Foi realizada em 5 (33,3%) doentes colecistectomia com anastomose bilio-digestiva em Y de Roux, em 3 (20%) colecistectomia total com dreno de Kehr, em 2 (13,3%) colecistectomia total, parcial e parcial com dreno de Kehr e por fim, em 1 (6,6%) colecistectomia com dreno de Kehr com sutura de orifício gástrico.
Conclusões: O tratamento da Síndrome de Mirizzi é um desafio diagnóstico e cirúrgico. Apesar da era da colecistectomia laparoscópica, a via laparotómica deve ser a via de abordagem de eleição para o tratamento cirúrgico desta entidade.
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