PROGNOSTIC IMPACT OF WEIGHT LOSS, INFLAMMATION BIOMARKERS AND INFLUENCE OF THE STAGE ON SURVIVAL OF PATIENTS WITH PANCREATIC ADENOCARCINOMA TREATED WITH CHEMOTHERAPY

Authors

  • Leonor Vasconcelos de Matos Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal http://orcid.org/0000-0001-9568-238X
  • Andreia Coelho Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal
  • Maria Teresa Neves Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal
  • Leonor Fernandes Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal http://orcid.org/0000-0001-6655-0986
  • Renato Cunha Hospital do Espírito Santo de Évora, Portugal
  • Mário Fontes-Sousa CUF Infante Santo Hospital, Portugal http://orcid.org/0000-0003-0337-3251
  • Mariana Malheiro Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal
  • Joana Graça Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal
  • Ana Plácido Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal
  • Ana Martins Centro Hospitalar Lisboa Ocidental E.P.E., Lisboa, Portugal

DOI:

https://doi.org/10.34635/rpc.872

Abstract

INTRODUÇÃO: O adenocarcinoma do pâncreas (AP) constitui uma das mais mortais neoplasias malignas, com < 10% dos doentes vivos ao fim de um ano. M ais de 80% dos doentes com AP desenvolvem caquexia, a co-morbilidade mais marcante deste cancro. O síndrome caquexia-anorexia representa uma entidade sistémica de perda de peso (PP) intencional, não completamente reversível por adequado suporte nutricional. A inflamação sistémica parece ser um componente-chave na sua fisiopatologia e, neste contexto, diferentes scores têm vindo a ser validados como marcadores de prognóstico. A quimioterapia (QT) é o tratamento standard do AP, com impacto na sobrevivência. A maioria dos estudos em caquexia envolvem heterogeneidade de tumores e tratamentos, com pouca evidência existente no impacto da PP no continuum da doença. 

OBJETIVOS: Este estudo pretendeu estudar a associação da variação de peso (VP) na sobrevivência dos doentes com diagnóstico de AP tratados com QT, e influência do estadio de doença. Foram ainda avaliados potenciais biomarcadores inflamatórios com valor preditivo e prognóstico (modified Glasgow Prognostic Score (mGPS) e rácio neutrófilo/linfócito (RNL)). 

POPULAÇÃO E MÉTODOS: Estudo de coortes retrospetivo, observacional, de 2013 a 2019, de doentes diagnosticados com AP e submetidos a QT. Parâmetros demográficos e de composição corporal foram registados ao diagnóstico e 3 meses após início de QT. Score mGPS e R NL foram colhidos longitudinalmente. Os doentes foram divididos em 2 coortes, de acordo com a VP após QT: PP (perda de peso > 5%) e PP-ausente (PP< 5%, peso estável ou ganho peso). Os endpoints principais foram PP e tempo de sobrevivência (TS), com estratificação por estadio de doença. Análise estatística com recurso a métodos descritivos, regressão logística para testar a associação entre as variáveis e outcomes e análise de sobrevivência com modelo de cox, teste log-rank e métodos Kaplan-M eier. Todas as análises foram realizadas com o software Stata 15.1. 

RESULTADOS: De um total de 117 doentes, 65 reuniram os critérios de inclusão, com idade mediana de 69 anos (47-90), 48% mulheres. A maioria dos doentes (60%) apresentava doença avançada (localmente irressecável/metastizada) ao diagnóstico. Aos 3 meses após início de QT, 54% dos doentes tinha PP. Na análise multivariada de preditores de PP, doença avançada foi um preditor independente deste outcome (OR 4.66; IC 95% 1.11 to 19.6; p=0.035). Com uma mediana de tempo de seguimento desde o diagnóstico de 14.8 meses, a taxa de sobrevivência aos 12 meses foi de 64.6%. O TS dos doentes com PP-ausente foi de 33.2 versus 18.5 meses para doentes com PP (HR 2.28; IC 95% 1.15 to 4.5; p=0.019; log-rank p=0.03). Na estratificação por estadio de doença, nos doentes com doença precoce a PP diminuiu significativamente o TS (21.9 vs 67.6 meses; HR 23.68; IC 95% 2.39-234.75; p=0.007), enquanto que PP não teve influência no TS dos doentes com doença avançada. Na análise de sobrevivência, localização no corpo ou cauda do pâncreas (HR 2.34, IC 95% 1.42-3.86, p=0.001), PP (HR 1.07, IC 95% 1.01-1.12, p=0.001) e R NL elevado aos 3 meses (HR 1.09, IC 95% 1.04-1.14, p=0.001,) foram independentemente associados com menor TS. 

DISCUSSÃO: Os resultados demonstram que a PP é um fator independente de pior prognóstico em doentes com AP a realizar QT, com relevância na doença em estadio precoce. Adicionalmente, o R NL surge como um biomarcador independente de prognóstico neste contexto, podendo ser um marcador surrogate do status de inflamação sistémica nestes doentes. 

CONCLUSÕES: Particularmente no AP em estadio precoce, a PP, como fator modificável no decurso da doença, deverá ser alvo de intervenções dirigidas, que possam ter repercussões favoráveis no prognóstico destes doentes. 

Downloads

Download data is not yet available.

Published

2021-01-20