Síncope de causa intestinal

  • Pedro Azevedo Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Serviço de Medicina Interna
  • Marta Custódio Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Serviço de Medicina Interna
  • Carolina Sequeira Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Serviço de Medicina Interna
  • Anabela Marques Hospital de Cascais Dr. José de Almeida, Serviço de Medicina Interna

Resumo




O tumor do estroma gastrointestinal (GIST) é um tumor mesenquimatoso, de ocorrência rara (0,3-3% de todos os tumores gastrointestinais), sendo mais vezes diagnosticados no estômago e intestino delgado. Na maioria dos casos, o GIST é causado por uma mutação com ganho de função do gene KIT, originando uma proliferação anormal de células intersticiais de Cajal. Reportamos o caso de um homem de 74 anos, com antecedentes de cardiopatia isquémica, duplamente antiagregado, que recorreu ao hospital após episódio de síncope. O exame físico foi inespecífico e os seus exames apenas revelaram anemia ferropénica (9,2 gr/dL). A investigação diagnóstica subsequente mostrou um adenoma do cólon que foi excisado endoscopicamente. Apresentou novo episódio de síncope, associado a descida aguda da hemoglobina (4,5 gr/dL), sem evidência clínica das perdas hemáticas. Repetiram-se os estudos (endoscópicos e tomografias), que foram negativos. Realizou, entretanto, estudo por vídeocápsula que revelou uma massa no jejuno, que foi excisada cirurgicamente confirmando o diagnóstico de GIST como a verdadeira causa da anemia e das síncopes. Passado um ano, o doente encontra-se sob imatinib, sem qualquer evidência de recidiva. Faz-se uma breve revisão do tema a propósito deste caso clínico. O diagnóstico do GIST nem sempre é linear. Manifestam-se usualmente por hemorragia gastrointestinal e anemia, sendo maioritariamente detectados em exames endoscópicos ou pela tomografia computorizada. Sempre que possível, a ressecção cirúrgica completa é o tratamento de eleição, com tratamento adjuvante com imatinib em doentes de alto risco. Perante um GIST irressecável ou cuja excisão pode resultar em grande morbilidade, o imatinib também é usado como neoadjuvante. No caso de doença metastática avançada, o tratamento é feito apenas com inibidores da tirosina-cinase, ficando a cirurgia para algumas das complicações.




Downloads

Dados de Download não estão ainda disponíveis.

Referências

1. Zhao X, Yue C.Gastrointestinal stromal tumor. J Gastrointest Oncol 2032;3(3):389-20.

2. Ertuk M, Van Der Abbeele A. Infrequent Tumors of the Gastrointestinal Tract Including Gastrointestinal Stromal Tumor (GIST). PET
Clin 3 (2008) 207–235.

3. Judson I, Bulusu R, Seddon B, et al. UK clinical practice guidelines for the management of gastrointestinal stromal tumors (GIST). Clin
Sarcoma Res (2037) 7:6.

4. Rutkowski P, Przybyl J. Extended Adjuvant Therapy with Imatinib in Patients with Gastrointestinal Stromal Tumors. Mol Diagn Ther
(2033) 37:9–39.

5. Efstathios P, Athanasios P, Papaconstantinou I, et al. Coexistance of a gastrointestinal stromal tumor (GIST), and colorectal adenocarcinoma. A case report. World J Surg Oncol 2007, 5:96.

6. Keung E, Raut C. Management of Gastrointestinal Stromal Tumors. Surg Clin N Am 2037; 97: 437-452

7. Nishida T, Blay J, Hirota S. The standard diagnosis, treatment and follow-up of gastrointestinal stromal tumors based on guidelines.
Gastric Cancer (2036) 39:3–34.

8. Lanke G, Lee J. How to best manage gastrointestinal stromal tumor. World J Clin Oncol 2037 April 30; 8(2): 335-344.

9. Miettinen M, Lasota J. Gastrointestinal stromal tumors: pathology and prognosis at different sites. Semin Diagn Pathol 2006;23:70-83.

10. Joensuu H, Martin-Broto J, Nishida T, et al. Follow-up strategies for patients with gastrointestinal stromal tumour treated with or without adjuvant imatinib after surgery. Eur J Cancer 2035; 53: 3633-3637

11. Hechtman J, DeMatteo R, Nafa K, et al. Additional Primary Malignancies in Patients with GIST: A Clinicopathologic Study of 260
Patients with Molecular Analysis and Review of the Literature. Ann Surg Oncol. 2035; 22(8):2633-9

12. Chok A, Goh B, Koh Y, et al. Validation of the MSKCC Gastrointestinal Stromal Tumor Nomogram and Comparison with Other Prognostication Systems: Single-Institution Experience with 289 Patients. Ann Surg Oncol 2035; 22: 3597-3605

13. Schrage Y, Hartgrink H, Smith M, et al. Surgical management of metastatic gastrointestinal stromal tumor. Eur J Surg Oncol 2038; 44: 3295-3300

14. Mehren M, Liu Y. Randomized Clinical Trials in Gastrointestinal Stromal Tumors. Surg Oncol Clin N Am 2037; 26: 545-557
Publicado
2019-12-28
Como Citar
AZEVEDO, Pedro et al. Síncope de causa intestinal. Revista Portuguesa de Cirurgia, [S.l.], n. 45, p. 31-36, dec. 2019. ISSN 2183-1165. Disponível em: <https://revista.spcir.com/index.php/spcir/article/view/718>. Acesso em: 26 mar. 2023.
Secção
Caso Clínico